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POESIA PRA QUÊ?

Foto do escritor: André NevesAndré Neves

“A poesia vai acabar, os poetas

Vão ser colocados em lugares mais úteis. [...]”


Ah, os tempos modernos, tempos em que absolutamente tudo só se torna válido e importante quando tem uma aplicação direta e imediata na realidade; tempos em que as pessoas são coisificadas, perdem sua humanidade, e as coisas tornam o centro, se humanizam.

Esses versos com os quais introduzi meu texto, do poema A Poesia Vai Acabar, de Manuel Antônio Pina, retratam bem os tempos modernos e fazem uma interessante provocação. Na sequência destes versos temos: ”por exemplo, observadores de pássaros (enquanto os pássaros não acabarem) ”. Veja, não é que observadores de pássaros sejam de fato mais úteis que um poeta, mas o que o autor quer exprimir é que há cada vez menos espaço, em uma sociedade superprodutiva e consumista, para a abstração, a imaginação, a beleza de simples versos, mesmo para literatura, visto que os livros mais vendidos são os de “alto rendimento”, sendo muito mais numerosos nas livrarias do que outros gêneros.

Enfim, as consequências do “fim da poesia” são pessoas com uma menor formação crítico-reflexiva, menos capacidade de enxergar a vida e a sociedade de outras perspectivas, menos imaginação, sentimento. Um mundo mais preto e branco. E como a vida é uma só, vivê-la visando apenas dinheiro, consumo e alta produtividade a todo tempo não tenho certeza se é uma vida que valha a pena.


“A noite cai, chove manso lá fora

meu gato dorme

enrodilhado

na cadeira

Num dia qualquer

não existirá mais

nenhum de nós dois

para ouvir

nesta sala

a chuva que eventualmente caia

sobre as calçadas da rua Duvivier. "

“Anoitecer em Outubro”, de Ferreira Gullar


Escrito por André Neves

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