Brasil, década de 80. Uma rígida ditadura militar assolava o território brasileiro desde 1964, com censura às mais variadas mídias e formas de expressão, e a exigência de “ordem e disciplina” alcançava todas as áreas, como, por exemplo, o futebol.
O Corinthians, nessa mesma época, vinha de resultados ruins nos campeonatos que disputara e era necessário algo novo, alguma mudança. Foi então que, eleito presidente do clube, Waldemir Pires, de forma inusitada, contrata um sociólogo para o cargo de diretor de futebol, Adilson Monteiro Alves. Este trazia consigo ideias arejadas e inovadoras para o futebol: prezava por escutar todos os membros do clube, desde roupeiros até jogadores e dirigentes, para qualquer decisão, sendo que todos os votos possuíam o mesmo peso.
Acolhido por jogadores já previamente politizados, como Sócrates e Wladimir, o plano de Adilson foi ganhando força e provocando reações tanto no meio esportivo quanto no meio político. Apelidado de “Democracia Corinthiana” pelo jornalista Washington Olivetto, o time passou a apoiar pautas sociais, como as Diretas Já, estampados nas camisas dos jogadores frases que incitavam a população contra o governo ditatorial e convocavam-na para protestos, votações e comícios, dos quais os próprios jogadores participavam ativamente.
Dentro de campo, o plano também alcançou bons resultados, levando o time a ser campeão paulista nos anos de 1982 e 1983, feito significativo, pois não se levantavam duas taças de forma consecutiva assim havia 20 anos.
Todavia, a partir de 1984, a projeto da Democracia começou a ruir, com contradições e disputas internas, saídas de jogadores importantes e com o time parando de apresentar resultados em campo. Na eleição seguinte, Waldemir perdeu nas urnas, Adilson deixou o cargo de diretor e, assim, o projeto terminou e entrou para a história, repercutindo até os dias atuais tanto na política quanto no futebol.
Escrito por André Neves
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