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Descobrindo oportunidades com Danielle Aguiar

Foto do escritor: Anne SilveiraAnne Silveira

Nesta sexta-feira, dia 05/03, entrevistamos a coordenadora do Colégio Sion Arujá, Danielle Ramos Aguiar, ela era a Professora de Física do ensino médio, estudou na USP, morou em uma república, e aceitou nos contar mais sobre suas experiências.

Ela começou nos falando sobre como foi para ela morar longe de casa e em como ela se sentiu estudando em uma universidade pública e morando em uma república, “Foi inicialmente chocante, porque morar fora, sem seus pais é muito complicado. Mas me deu uma autonomia que eu não teria caso eu não tivesse vivido essa experiência”. Ela contou também que as pessoas não se preocupam muito umas com as outras e que como morava longe e não tinha muito dinheiro ela ia muito pouco para casa e que no começo pensou diversas vezes em ir embora, que os costumes eram diferentes, e que o mais traumático para ela foi isso, até se acostumar. “Tinha gente do Mato Grosso, tinha gente da Bahia, tinha gente com uma série de costumes muito diferentes dos nossos, todos em uma única casa que tem que funcionar”.


Em questões de provas, e da logística da faculdade. Em que você mais sentiu dificuldade?

"A gente tem poucas aulas de verdade, professor de faculdade pública não gosta de dar aula, então ele quer que você aprenda sozinha sem ele ter que olhar na sua cara para isso. E aí você tem que pegar o livro e aprender por conta. Os professores tinham muita relutância em dar aula, então ele dava 10 minutos de aula, eram 4 horas, mas ele dava 10 minutos e ia embora. Eu achei ruim porque falta explicação, mas eu achei bom porque eles criaram pessoas autônomas. Apesar de tudo isso valeu a experiência porque quem aprendeu, aprendeu de verdade."


Você acha que ter que se virar para viver, já que é a primeira vez que tá vivendo sozinha, fez muita diferença para você se tornar quem é hoje, ou você já era assim antes?

"Um pouco dos dois, e quando eu saí pra morar fora eu me tornei mais ainda, antes as mulheres sempre tinham que estar acompanhadas, ou de uma amiga ou de um namorado, e eu aprendi a não me incomodar com isso mais, saia sozinha tranquilamente. Me deu a confiança para fazer as coisas e me fez gostar da minha própria companhia."


Física não tem tantas mulheres conhecidas, então não conhecemos muitas mulheres nessa área, mesmo sabendo que muitas criações foram feitas por mulheres e foram divulgadas por homens. Por que você acha que não existem muitas mulheres se destacando na física?

"A física tem dois fatores que causam isso, as meninas são pouco incentivadas, até porque a maioria dos professores de exatas são homens. Os grandes nomes da ciência são na maioria homens e na verdade dentro da universidade, hoje em dia já está melhor, mas existia um preconceito, como se nós não fossemos capazes."


Uma pessoa da física muito famosa foi a Marie Curie, que ganhou até um prêmio Nobel, você diria que ela é uma inspiração?

"Eu diria, acho que ela foi uma pioneira, ninguém fez o que ela fez, ela também conseguiu ganhar o prêmio no próprio nome, ela ganhou dois, o primeiro foi no nome do marido, ele que recebeu, e eu acho que ela foi além, ela pesquisou, ela era capaz, ela inspira provavelmente toda menina ou mulher que está na área de ciências.


Quais são as suas principais dificuldades sendo coordenadora?

"É uma área que eu nunca atuei, eu sinto muita falta da sala de aula, eu gosto de ensinar física, eu gosto da física, era a minha praia. Mas eu quero olhar para vocês como um todo, tenho que pensar em como melhorar para vocês em todas as matérias, é mais difícil porque eu consigo trabalhar com exatas, mas em humanas e biológicas, que são meu calcanhar de Aquiles, redação que é muito difícil. Para conseguir olhar e conseguir o melhor dos professores para vocês, esse é o desafio."


Para você, quais são os pontos que mais precisam melhorar na educação brasileira?

"Tinham que ter muitas coisas diferentes, acho que a educação básica tinha que ser melhor, acho que o fundamental 2 tinha que ter outras opções que não fossem só matéria, matéria, tinha que ter algumas disciplinas técnicas com situações mais reais, com escolas mais qualificadas, com professores mais qualificados para todo o País. Parece que aqui no Brasil a gente só precisa ter o diploma, que o ensino superior que faz toda a diferença, desvalorizam muito a educação e o profissional da educação e por isso temos poucos bons profissionais. Acho que tem que teria que mudar estruturalmente, que o vestibular tinha que acabar, você tem que ser avaliado como um todo, desde o dia que você entra na escola até sair do ensino médio, isso sim vai dar uma noção real sobre quem é você."


Física foi a sua primeira opção?

"Foi, eu tinha muitas perguntas no fundamental e poucas respostas, e quando eu cheguei no ensino médio eu tinha muitas perguntas e meu professor de física me deu muitas respostas. Ele falou que na física eu iria encontrar as respostas para aquelas tantas perguntas que eu tinha sobre o mundo, e foi ali."


Uma inspiração?

"A minha primeira inspiração foi a minha professora de literatura, D. Olga Maria, ela falava que a gente tem que ser cobrado para fazer além, que se não éramos capazes de ir além, a gente ia ficar na mediocridade, e isso me incomodou porque eu não queria ficar na mediocridade. E depois, quando quis seguir pela física, foi o Stephen Hawking, ele que me inspirou, infelizmente eu ainda não conhecia muitas mulheres da física, só fui descobrir quando eu já estava na faculdade, mas também a Marie Curie, pelo pioneirismo dela, por ter quebrado muitos paradigmas, ela conseguiu superar tudo isso."


Um sonho e uma realidade?

"Um sonho é conhecer o mundo todo, fora a fora. E uma realidade é que a vida é mais difícil do que a gente pensa mas ela pode ser tão doce quando a gente trabalha para que ela seja, as dificuldades não significam que ela precisa ser amarga."


Um filme?

"Star Wars, todos."


Um livro?

"O morro dos ventos uivantes, eu amei, poderia citar um de física mas acho que ele é demais."


Uma frase que te inspira?

" 'Uma mente que se abre a uma nova ideia nunca mais volta ao seu tamanho original' do Einstein."


Realmente essa entrevista me surpreendeu muito, ter a oportunidade de conhecer melhor a história da nossa coordenadora foi uma experiência incrível e acabou que nossa admiração por essa mulher, professora e coordenadora apenas aumentou!


Escrito por Anne Silveira

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