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Sonhos com Cristhian Lins

Foto do escritor: Anne SilveiraAnne Silveira

Se quiser assistir a gravação da entrevista e matar um pouco a saudade é só clicar nesse link: https://www.youtube.com/watch?v=z2-Dj1tLVTg&list=LL&index=1&t=37s

 

Nesta sexta-feira dia 09/04, entrevistamos Cristhian Lins, que por muitos anos foi professor no Sion inspirando vários alunos a seguirem seus sonhos.

Ele começou comentando sobre o papel do professor “É um papel muito importante e muito pouco valorizado no nosso país”, “Nós somos gente também, nós temos angústias, dias ruins e temos que entrar na sala de aula e pensar que todas aquelas 40 pessoas em 50 minutos estão com o foco todo em você”.

Ele comentou que às vezes fica um pouco confuso se incentivar os sonhos é bom ou ruim “Eu acho que é bom, por isso que eu faço” ele continuou dizendo que fica preocupado quando um aluno chega e fala que quer fazer cinema ou música, “Professor eu quero fazer cinema, aí você fala meu Deus, caramba mano. Às vezes eu fico com vontade de falar para não fazer, que é um curso caro pra caramba, mas ao mesmo tempo eu me sinto parte disso”. Ele comentou que precisamos pensar antes de escolher uma profissão e não escolher só pelo dinheiro, você precisa pensar se está preparado para o estresse, se é a sua vocação. “É muita responsabilidade, um médico, um advogado, lidam com a dor das pessoas”.

Ele disse que, quando adolescente, ele nunca imaginou que seria professor, que no caminho para o nosso sonho aparecem coisas que você as vezes não queremos fazer, mas é uma boa você experimentar, porque mesmo sem esperar e sem entender, aquilo pode fazer parte do seu sonho, “E assim foi comigo com a educação”. Falou que o primeiro sonho dele era ser guitarrista, um músico “Eu tinha uma banda, era cabeludo, era doidão, A Camila de moto e eu na garupa, tipo Eduardo e Mônica” falou que por conta da música ele entrou na educação, que por conta da educação ele entrou no teatro e por conta do teatro entrou no audiovisual. “Tive a honra de participar da formação de vocês e para mim dar aula foi fantástico, vocês tem a visão de que aprenderam comigo mas nem imaginam o quanto eu aprendi com vocês todos”.

Contou como foi o primeiro dia que ele deu aula “Foi na quinta série, a quinta série é a figura do inferno”, “ chegou uma hora que eu consegui chamar um pouco a atenção deles, mas mais ou menos. Quando eu consegui passou 5 minutos e deu o sinal da saída. Nessa sala tinha uma lousa de giz e tinha uma uma placa de madeira embaixo para o pó de giz cair. Teve um menino, ele veio puxando todo o giz, toda a placa, encheu a outra mão e tacou na cara do amigo”. Disse que pensou seriamente em desistir mas ao mesmo tempo tinha contas para pagar e continuou, “Mas aí com o tempo eu fui entendendo, olhar o aluno, o interlocutor, é um diálogo”, disse também que começou a perceber que tinha muito mais coisas envolvidas “É impossível você ser educador sem estabelecer um vínculo afetivo”.

“Eu acredito que o sonho ele é algo que tem vida própria, faz parte de você, suas metas fazem parte de você, são quem você é” disse que uma das escolhas mais difíceis que teve foi deixar de dar aula, que já sabia que iria sair no meio do ano mas não queria despedidas porque ia ficar muito mal, falou que queria viver aqueles momentos, uma última fase.

Ele comentou sobre todos nós termos um objetivo, falou que às vezes ter algo a cumprir é muito mais simples que os nossos planos, principalmente nos momentos em que estamos formando opiniões em relação ao trabalho, disse que o objetivo nunca é um final e sim uma ponte.

Falou sobre a cultura no Brasil “A gente tá a deriva, os artistas vivem por esforço próprio, o país que não incentiva os artistas tá matando a sua identidade, é nulo o incentivo dos poderes na cultura.” E como artista ele comentou “Nós somos ridicularizados pela sociedade” e fez um comentário sobre os haters dos artistas “Na verdade eles morrem de inveja, a gente faz as pessoas sonharem e sorrirem”.

Comentou sobre a lei Rouanet, “A lei rouanet é uma verba aprovada, digamos que seja 1 milhão, só que o governo não vai me dar esse 1 milhão, ele me dá uma carta que diz que eu posso ir atrás de empresas que queiram, ao invés de pagar o imposto de renda, ela me de parte desse dinheiro como incentivo em troca de eu colocar o logo dela na minha obra”.

Ele comentou sobre nós precisarmos usar o poder transformador da gentileza e da simpatia, falou que o mundo está criando um mau costume das pessoas agirem com agressividade o tempo inteiro, sempre na defensiva, e que com isso nós afastamos pessoas e situações que vão nos ajudar a construir nossos sonhos, disse que não dá bom dia por educação, para ser politicamente correto mas sim porque pensa que a pessoa está trabalhando, “Eu tô aqui passando por ela e vou fingir que ela não existe? Quem sou eu? Vou virar pó e os bichos vão me comer, e sugar meu sangue de canudinho, e eu não vou dar bom dia? Isso é importante, muito do que eu consegui na minha vida foi entrar nos lugares e ir dando bom dia para as pessoas e conversando e tendo essa empatia” ele falou também que hoje em dia estamos cercados de juízes, pessoas que nos julgam o tempo inteiro, “Eu sou um cara julgado como louco por meio mundo”, disse que as pessoas são falsas e quando veem algo verdadeiro que elas gostariam de dizer e não têm coragem sendo dito por alguém, elas julgam. “Eu acho que as pessoas deveriam prestar mais atenção nos artistas, não somente na obra, mas na pessoa”.

Pedimos para ele comentar sobre o que acha de Os Gêmeos, “ São artistas que vêm dessa cultura de arte urbana, são muito relevantes” disse que foi em uma exposição dos Gêmeos e ficou impressionado com a quantidade e diversidade de obras bem construídas, e com discursos bem construídos. “Tinha instalação, tinha escultura, tinha pintura, tinha grafite, ou seja, muitas linguagens e isso realmente me impressionou bastante, eu admiro muito o pouco que eu conheço das obras deles”.


Fizemos um "ping-pong" de perguntas com ele:


P: Um time?

R: “Santos, era o time do meu pai”


P: O que você mudaria no mundo?

R: “Mais igualdade”


P: O que é mais importante na sua vida?

R: “Minha família”


P: Um ídolo?

R: “Jesus Cristo”


P: Uma frase

R: “Arme e efetue. Os problemas de matemática da minha época vinham escrito: Arme e efetue, aí vinha a continha na horizontal e você tinha que pôr na vertical e fazer”


P: Um sonho?

R: “Não ter que lembrar que dinheiro existe, isso não significa não ter dinheiro, significa ter a ponto de não lembrar que ele existe”


P: Uma realidade?

R: “ A luta”


P: Um livro?

R: “Ilusões- Richard Bach”

P: Um filme?

R: “Capitão fantástico”


P: Uma música?

R: “Vela aberta do Walter Franco, me lembra muito meu pai”


Ele terminou falando “Quero falar para todo o pessoal do Sion que eu morro de saudade de vocês, morro de saudade da energia de amor mesmo, que todos vocês sempre me passaram e é uma energia muito boa de sentir, é muito legal quando você faz o que você gosta e as pessoas percebem, e elas gostam do que você faz, que se cria uma atmosfera de amor, de empatia e de amor fraterno”


Foi um grande prazer não só fazer essa entrevista mas ter aula com esse professor incrível, também agradeço por tudo o que ele me ensinou e com certeza ele está no coração de muitos alunos.


Se quiser assistir a gravação da entrevista e matar um pouco a saudade é só clicar nesse link: https://www.youtube.com/watch?v=z2-Dj1tLVTg&list=LL&index=1&t=37s


Escrito por Anne Silveira


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