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Semana da Arte Moderna com Zilpa Magalhães

Foto do escritor: Anne SilveiraAnne Silveira

Para nossa primeira edição de 2022, entrevistamos Zilpa Magalhães, que nos falou mais sobre a semana da arte moderna.


Começamos pedindo para ela nos falar um pouco mais sobre o que ela faz: “Eu sou professora de artes, dirigi uma escola por 30 anos”. Ela disse que agora tem um ateliê e dá aulas virtuais de história da arte e aulas práticas de desenho.


Falando sobre a semana da arte moderna, ela disse que foi um escândalo. “Aconteceu no teatro municipal de São Paulo de 13 a 17 de fevereiro de 1922, completamente patrocinada pela elite cafeeira”, completou dizendo que a entrada do modernismo na capital federal (Rio de Janeiro na época) e nos outros lugares foi acontecendo ao longo de várias décadas, em 1947-1948 que foi a abertura dos museus de arte moderna. “De 22 até o final da década de 40 acontecem mudanças progressivas na literatura, no teatro, na música…” e que o aconteceu na semana foi um escândalo que eles queriam.


Disse que, por exemplo, na literatura, a linguagem era muito rebuscada e o modernismo veio acabar com isso, trazer uma linguagem mais limpa e fácil. No caso da música Villa Lobos que fez uma música diferente e que permeou o cenário modernista, O Trenzinho Caipira, ele traz uma ideia muito brasileira do campo, do trem e do caipira. Explicou que é uma visão moderna porque antes teriam outros enfoques mais rebuscados.


Sobre o impacto e a importância do evento para os dias atuais, ela comentou que as pessoas que participaram queriam um quebra pau, eles queriam um jeito de fazer a mudança, o que não seria fácil, porque as pessoas não sabiam e alguns dos artistas que trabalhavam nos jornais, como por exemplo Oswald de Andrade, escreveram textos e colocaram charges para fazer um escândalo. “A importância é que ela inaugura um pensamento que chamamos de modernista, não é que esse modernismo começa na semana como se fosse um show da Broadway, muitos são pensamentos que vão sendo construídos ao longo do tempo”. Complementou dizendo que, na verdade, o modernismo é um processo e que hoje podemos dizer que essas mudanças foram necessárias.


Perguntamos porque mesmo depois de 100 anos, ainda podemos ver tanto conservadorismo na sociedade brasileira, ela comentou que os artistas da semana propuseram o novo para o nosso contexto, mas o próprio Mário de Andrade diz que em algum momento ele vai olhar para trás também, o modernismo nosso conviveu com a arte acadêmica por muito tempo também. “Uma professora uma vez me enviou um aluninho de educação infantil dizendo que ele desenhava muito bem, eu imaginei uma porção de coisas, a minha pergunta pessoal era o que seria desenhar bem para essa professora. E a conclusão que eu cheguei junto com ela é que a criança, mesmo tão pequena, desenhava como se fosse uma fotografia.” Então falou que uma criança pequena que desenha daquele jeito é comparada com um artista, mas ao mesmo tempo os professores dizem que as crianças podem desenhar o que elas quiserem, e todos os desenhos vão para o mural da mesma forma “Mas eu nunca recebi a indicação de uma criança que tenha desenvolvido um desenho como, por exemplo, o Abaporu da Tarsila Do Amaral, se a criança fizer uma cabeça pequena com o pé daquele tamanho, normalmente ela não é considerada um artista, mas a Tarsila é”. Então ela fez a pergunta: “O que é ser moderno? Por que hoje a gente vai para a escola e se desenhamos algo como uma fotografia somos considerados artistas, mas se desenhamos algo como o Abaporu não somos considerados artistas? Ou até somos mas no fundo o que todo mundo quer é o acadêmico?” Então ela resumiu falando que não sabemos, de uma forma geral, o que é ser moderno, disse que vivemos em um mundo considerado pós-moderno ou contemporâneo e devemos questionar o que é ser moderno. “Para muitos lugares a modernidade ainda não chegou, nós ainda temos favelas sem esgoto, não temos escola para todos, um racismo extremo, as mulheres não são vistas do jeito que gostaríamos, ou seja, de um jeito moderno ou pós-moderno. Estamos misturando tudo e não estamos nos questionando”


Pedimos para ela falar quais foram os artistas que mais se destacaram na semana de 22 e ela falou sobre o Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e vários outros.


E se a semana de arte moderna acontecesse nos dias atuais, quais artistas ela acha que apoiariam? Ela citou o Emicida e Jaider Esbell, um indígena que participou da bienal e conseguiu juntar muitas pessoas, porém, infelizmente suicidou-se.


Ela tem um canal no YouTube, com sobre arte muito bons, quando puderem vão dar uma olhada! https://youtu.be/82YE9yP-LA4


Agora como já é de lei, o Pingue-Pongue:


Um livro?

A república do Platão


Um filme?

O tempo e o vento do Érico Veríssimo


Um ídolo?

Os Beatles!


Uma frase?

“Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!” - Fernando Pessoa


Uma série?

Outlander e Cidade Invisível


Um sonho??

Um banho de mar


O que você mudaria no mundo?

Desistir do Capital


Uma realidade?

A nossa conversa


Uma música?

Ismenia - Antônio Adolfo


Um artista?

Kimbra


O que é mais importante na sua vida?

A vida


Agradecemos muito ela por nos ceder esse tempo e todo esse conhecimento!


Escrito por Anne Silveira

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